11 de março de 2010

Sedação em UTI: experiência pessoal versus falta de evidências

Prezados colegas,



Eu tenho percebido uma mudança de postura nas Unidades de Terapia Intensiva em relação à prescrição das medicações sedativas, pois, os colegas estão prescrevendo as medicações em bombas de infusão separadas tal qual fazem os colegas anestesistas. No caso da UTI seriam mais utilizadas as medicações fentanil e midazolam. É importante frisar algumas considerações a respeito. São elas:

a) MONITORIZAÇÃO. A forma mais recomendada atualmente para monitorizar a profundidade da sedação é pó meio do Índice Bispectral. Este monitor torna possível perceber se as reações do paciente se devem a dor ou ao nível inadequado da sedação empregada. Caso seja dor maneja-se a bomba de infusão que contém o fentanil e caso seja sedação inadequada maneja-se o midazolam;

b) MORTALIDADE. Convido os colegas a lerem o artigo publicado em revista científica coma seguinte referência Anesth Analg 2009;108:508-12. Aborda redução da mortalidade com a utilização do BIS quando o índice é mantido acima de 45. Favor observar as limitações da pesquisa;

c) CUSTOS. Separar fármacos em bombas de infusão diferentes requer mais equipos, soros para veicular as medicações, energia elétrica para as bombas, seringas em dobro, maior atenção por parte dos funcionários, etc. Após uma pequena busca não evidenciei estudo para análise econômica relacionado a este tipo de procedimento envolvendo estes fármacos sendo necessário iniciar um para comprovar a eficiência desta conduta;

d) EXPERIÊNCIA VERSUS EVIDÊNCIA. Não existe um ensaio clínico randomizado com um número adequado de pacientes que forneça um intervalo de confiança estreito que justifique universalizar a mudança radical de conduta. A experiência pessoal é desprezível cientificamente, mas a experiência de um PAÍS e por longos anos deve ser valorizada como é o caso da associação fentanil e midazolam no Brasil;

e) PREFERÊNCIA PESSOAL. Não devemos confundir preferência pessoal com experiência pessoal, pois, preferir determinada coisa não significa se afastar do restante do universo. Devemos refletir nesse momento a seguinte proposta, o que você preferiria se você fosse o doente: a conduta antiga aplicada impecavelmente ou a conduta nova utilizada sem evidências e ainda com resultados parciais?

Grato a todos,

Um comentário:

  1. Prezado Timbó;

    Concordo com você, contudo o mais grave que acho nas UTIs, é não se respeitar o pH e pKa dos fármacos,devido a polifarmácia e comodidade de abertura de horário de medicação pela enfermagem, muitos vezes essa reação química farmacológica ocorre dentro dos vasos , tendo, às vezes, resultados inesperados e pouco observados por muitos. O achismo e a preferência pessoal não têm mais espaço na medicina atual,ou melhor nunca teve, isso é falta de espírito acadêmico,responsabilidade médica e RESPEITO PELO PACIENTE, para que existe a literatura? Hoje somos alvo da responsabilidade civil, na doutrina de Antônio Ferreira Couto Filho e Alex Pereira eles já incluíram um capítulo, “ Da Iatrogenia “, alertando aos seguidores do Direito Médico, o que eles chamam já de negligência: veja como ele diz no seu livro“ ... Evidente que quando há uma lesão, um dano causado a um paciente em decorrência de um mau proceder do médico, este terá a obrigação de reparar o indivíduo pelos prejuízos causados, físicos e morais..., seja no sentido lato, uma iatrogenia, pois se trata de lesão ocasionada pelo ato médico...O que verdadeiramente nos interessa , neste tópico, é a iatrogenia stricto senso e a ela passaremos a nos ater a partir de agora. Antes, porém, de adentramos em tal particularidade, é de suma importância esclarecer o que o tema da IATROGENIA ainda é bastante desconhecido na seara do Direito, havendo muito pouco ou nada dito na literatura jurídica a esse respeito ao se tratar de matéria da responsabilidade civil médica....pág 31 a 36 do Capitluo V (RESPOSABILIDADE CIVIL MÉDICA E HOSPITLAR 2º edição). É para alertar que o manto da Iatrogenia estar sendo revisto pelos doutrinadores, isso nos leva a pensar muito antes de agir, se estamos respaldado na nossa literatura ao não.

    O que difere dos anetesiologista é que a bomba de infusão é usada pelo médico especialista, aos olhos dele e tudo pode ser alterado a qualquer instante e não aos cuidados de auxiliares e técnicos de enfermagem isso é totalmente diferente.

    Abraço,

    Rafa

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