16 de março de 2011

Ser ou não ser doutor: eis a questão?


O termo doutor vem sendo banalizado por uns e super-utilizado por outros. O dicionário Aurélio define doutor como sendo o profissional formado em medicina ou em direito e o portador do título de doutor. 
Ser doutor é ser alguém que é capaz de transformar sua idéia brilhante e original acerca de alguém, de algo ou de um conceito de forma que se obtenha um resultado ou desfecho baseado no que se é defendido ou postulado pelo autor da tese, ou seja, o doutor cria uma tese sobre algo e a defende com unhas e dentes apontando para um desfecho. As instituições de nível superior também podem dar o título a um pretendente ou candidato com o propósito de ratificar e certificar a capacidade de alguém para desenvolver investigação científica sobre determinado campo do conhecimento. Quem faz doutorado é doutor. Como citado na Wikipédia "É equivalente ao PhD (Philosophiæ Doctor) atribuído nas universidades anglo-saxónicas."
O médico naturalmente cria uma tese para seu paciente baseado no raciocínio que a ciência torna lógico naquele momento da tomada de decisão e cria condutas para que o paciente finalize sua doença ou amenize seu sofrimento. O médico cria a tese de que sob tais ou tais condições para que o paciente seja pelo menos melhorado. Historicamente o curso médico era composto por 6 anos onde em 5 o profissional aprendia tudo que se podia ensinar até aquele momento e no sexto ano ele se tornava doutorando. O médico somente poderia formar-se se ele fosse capaz de, em um ano, criar algo sobre determinado assunto e defendê-lo sob uma banca para graduar-se profissional, ou seja, desenvolvia uma tese e a defendia, e quem o faz até hoje está em doutoramento. O médico é um doutor.
O advogado age perante os fatos, analisa situações, cria um pensamento sobre algo, alguma situação ou alguém e gera um pensamento a favor ou contra uma situação com argumentos geralmente convincentes de que aquilo deve ser tal qual seu discernimento. O advogado cria uma tese e é um doutor.  
O início da nossa História acadêmica foi com os padres jesuitas aqui no Brasil, mas a coroa portuguesa não admitiu nenhum outro tipo de cultura até a chegada da marinha portuguesa e a criação da primeira escola naval do país. Depois que os portugueses retornaram a sua pátria já com a ameaça napoleônica desfeita não se falou mais em ensino. Depois de muitos anos os primeiros formados que por aqui se aventuraram foram médicos e advogados. Ora, para a época quem formava era doutor, mas como só tinha formado médico e advogado então consagrou-se chamar aos profissionais destas ciências de doutor. 
Os outros profissionais que desempenham áreas diversas das citadas (enfermeiro, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, bacharel em direito, engenheiros, matemáticos, etc.) exercem TRABALHOS DE EXTREMA RELEVÂNCIA sem os quais não poderíamos viver bem em comunidade, mas não necessitam criar em todos os momentos que atuam teses acerca do que vão executar. Estes profissionais não são doutores a não ser que se certifiquem para tal. Um enfermeiro não é doutor. Chega a ser abusivo por parte destes outros profissionais utilizarem o termo doutor em seus locais de trabalho e chega a ser medíocre dos colegas médicos e advogados que refutam o termo doutor das sua atividades. Como disse Jesus Cristo "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".  
Não fiz isso para me chamarem de doutor, mas fi-lo apenas a pedido de um acadêmico de medicina da Universidade Federal de Alagoas que se sentiu temeroso em utilizar o termo. João, pode usar sim, mas só quando formar, viu!

Fonte da foto: http://www.sojobo.biz/o-mago-supremo-anime-doutor-estanho-em-dvd.html

3 comentários:

  1. Oi Timbó, como estão todos? Só causando confusão,né?

    Sempre polêmico! Se seus amigos não médicos do PS lerem esse mail vão ficar irados com você.

    O fato é que há muito o médico perdeu o respeito e a medicina o status de nobre profissão. Diariamente, médicos de emergência de todo o país são desrespeitados por empregadores e pacientes. Trabalhamos horas a fio por salários irrisórios e ainda taxados de mercenários. Títulos pouco importam se não respeito pelo indivíduo...

    Então fala ao João que pode e deve usar Doutor, mas que na prática poucos os respeitam!

    Grande abbraço

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  2. “A polêmica está em quem lê o texto, não no texto em si.”


    Em verdade muitos outros profissionais ficam com ciúmes ao ler textos como esse. Alguns com razão por já terem feito o doutorado tem a meritocracia de assim serem cognominados. Mas a verdade é que antes dos PhD ou dos Doutores (aqueles que possuem a maior grau acadêmico conferido por uma universidade) o termo era atribuído aos médicos. Inclusive, línguas irmãs ainda tem a raiz da palavra, como o Doctor do Inglês e espanhol, docteur em francês, dottore em italiano, doktor em alemão, etc.

    É verdade também que quando esse termo se popularizou não existiam muitas das ciências modernas da área da saúde, ou elas eram incipientes, de forma que se pode até tentar entender o anseio de outros profissionais da área de saúde que também se acham no direito de se denominar de tal forma. O ego do ser humano ainda é um problema tão presente que muitos não conseguem se dar conta da futilidade por que “brigam”.

    Posso confirmar por conhecê-lo que o texto não tem a mínima intenção de que o chamem de “Doutor”, porque o conheci como um professor e médico que jamais repreendeu alguém que o chamou de “Timbó”, que inclusive é forma para íntimos, e aí já não é questão de títulos, e sim de respeito para com a sua pessoa.

    Por isso, acho que quem comentou acima foi bastante feliz em sua colocação e chegou ao ponto chave de toda a história. Sou da linha de que não importa o tratamento, mas sim que na relação haja o respeito. Por isso, particularmente não “exigirei” que ninguém me trate de tal forma como médico, muito menos se eu fizer o doutorado (pela pretensão acadêmica que o senhor sabe que tenho). Entretanto, por agora, continuarei abordando todos os médicos com tal vocativo, por acreditar que se tal médico não se importar com a denominação não fará diferença, enquanto que se ligar, não estarei criando um conflito por algo bobo que é a simples palavra: “doutor”.

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  3. Realmente existe uma polêmica, mas que se deve a necessidade de alguns em serem "mais" do que de fato "o são".
    O que seria os seres humanos em seus títulos?

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