Vida de Pesquisador ou As Chagas da Pós-graduação
Meu nome é Fabiano
Eu vou passar com fervor
Passos sofridos e árduos
Que servirão sem temor
A qualquer estudante
Que quer ser pesquisador.
Em primeiro vem a idéia
Não seja complicada
Pensar em algo novo
Que não seja copiada
Ética e relevante
Que possa ser aplicada.
As novas idéias vêm
Algumas muito boas
Outras são complicadas
Algumas ficam a toa
Até que lhe aparece
Aquela idéia que voa.
O projeto de pesquisa
É uma importante etapa
Orgulhoso professor
Bota o aluno na chapa
Aquele que não fizer
Merece levar tapa.
E agora sem demora
Vem a faze da escolha
Chega a hora do projeto
Alguns parecem cebola
Outros seriam abacaxi
Mas nada de taparolha.
O projeto tem de tudo
Método e estatística
Termo e autorização
Mas a casuística
Faz o discente pensar
Querendo ser estadista.
O projeto possui partes
Escreve-se que dá dó
Todas são importantes
Que a cabeça dá um nó
Não fosse o orientador
Seria um forró bodó.
Depois de terminado
E com orientador
Fica tudo meio bom
Projeto diminui a dor
É muita ansiedade
Mas pouquíssimo andor.
O orientador sem pena
Parece um valentão
Exige que se conserte
Deixando o aluno na mão
Parece que tudo mexe
E deixa o aluno bobão.
O projeto termina
E vai aquela comissão
Analisa a ética
Deixa tudo no chão
Quando menos se espera
O aluno recebe não.
Quando o fato acontece
É chorar e ranger dentes,
Mas afinal que fazer?
Recomeçar valente
Para quando terminar
O aluno se sentir gente.
A comissão de ética
Faz nova avaliação
Parecem o satanás
Querendo uma humilhação
Mas quando tá perfeito
Não podem recusar não.
Projeto assim aprovado
Começa com seleção
Díficil encontrar gente
Para participação
Quando o sujeito aparece
Está feita a seleção.
Os sujeitos ajudam
A pesquisa começou
Parece que todos andam
Ninguém ainda parou
O aluno fica aflito
Só Jesus que ajudou.
A faze da coleta
Mais parece um terror
Mas a pesquisa vai
Comanda o orientador
Todo mundo socorre
Até mesmo o computador.
Quando termina a coleta
Começa outra faze
Onde está o estatístico
Parece espaçonave
O aluno fala algo
O estatístico põe craze.
Os dados coletados
Ganham um tratamento
O discente maroto
Inicia o polimento
Aquele que não fizer
Parecerá um jumento.
O melhor está por vir
Ai começa a escrever
Mas tudo com cautela
O orientador quer ver
E o discente entrega
Agora é só com prazer.
O orientador quer ler
Com muita calma e cautela
A redação das linhas
Parece garranchela
De tanto o aluno pegar
Parece manivela.
O orientador sofre
Pensa com calma e tensão
Chama o aluno de lado
Para uma conversação
Explica-lhe de tudo
E pede reconstrução.
O aluno revoltado
Pensa logo em desistir
Mas é muito danado
Pára logo a refletir
Muda rápido o texto
Para ele poder partir.
O orientador aceita
O aluno fica feliz
Agora só falta a banca
Que deixa o aluno no triz
Sofrimento nunca acaba
Parece um chafariz.
Banca agora formada
Aluno no seu melhor
Começa a explicar tudo
Toda platéia com dó
A pesquisa foi boa
Mas a banca dá um nó.
O momento da defesa
Mais parece uma agonia
Aluno sabido e esperto
Leva na maior anarquia
Professores da banca
Não fazem zombaria.
Aluno vai pra berlinda
Começa a jogatina
Aluno responde tudo
Mas parece sabatina
É como dia de domingo
Com padre e sua batina.
A banca se reune
Todo mundo na tensão
Não se sabe ao certo
Pra que tanta confusão
O aluno fica nervoso
E o orientador com tesão.
Pais, colegas e irmãos
Os professores de curso
Sentam-se para ouvir
Quem parece urso
Todos ficam encantados
Com um lindo discurso.
Momento da grande nota
Aluno nervoso na hora
Orientador na tensão
Todos falam sem demora
Aluno com aflição
Mas o dia é de vitória.
A vitória foi bonita
Parece que terminou
O aluno quer descansar
Agora que começou
O professor lhe explica
Ele ainda não publicou.
Escreve o manuscrito
Com à dificuldade
Faz tudo muito difícil
Parece na faculdade
No final fica bonito
E acaba a crueldade.
A revista científica
Critica, processa e envia
O aluno muito carente
Aguarda com fidalguia
Depois de muito tempo
Um parecer resolvia.
Envia o manuscrito
Ninguém quer aceitar
Trabalho foi bonito
Mas falta finalizar
Quando menos espera
Aceita pra publicar.
Terminou esta etapa
Da sua pós-graduação
Aluno fica feliz
Orientador babão
Ninguém advinha ao certo
Quem fica com mais tesão.
Se você já deseja
Ser grande pesquisador
Este será seu destino
Enfrente sem temor
Levante sua cabeça
Faça isso por amor.
FICHA DO CORDEL
Nome: Vida de pesquisador.
Gênero: Educação.
Autor: Fabiano Timbó Barbosa.
Local: Maceió/AL.
Estrofes: 23 de seis versos.
Esquemas de rimas: sextilha aberta.
Data: 22/04/2012.
Observação: Cada verso possui sete sílabas poéticas. A separação silábica poética permite: não contar sílabas após a última tônica; duas vogais podem fundir-se formando uma sílaba poética; o ditongo pode ser separado; e o h mudo não conta como sílaba, mas como vogal. Exemplo: Era hora de adormecer = E/ raho/ ra/ dea/ dor/ me/ cer. O esquema das rimas (sextilha de rima aberta) significam que o 2º, 4º e o 6º versos rimam.
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