29 de fevereiro de 2012

Resenha do filme: O Artista (The artist)


Lindo! Simplesmente lindo.

A trama se passa na Hollywood de 1927, passando pela quebra da bolsa de valores de 1929 e indo até um pouco mais nos anos 30. George Valentin, Jean Dujardin, que foi vencedor do prêmio de melhor ator em Cannes, é uma estrela do cinema mudo que vive um drama com a chegada dos filmes falados, ele teme se tornar obsoleto e vê sua carreira próxima ao fim. Ele possui já um casamento em decadência e acaba se apaixonando por Peppy Miller, Bérénice Bejo, uma jovem atriz em ascensão. Em meio a estória de amor entre as personagens principais se vê um drama da vida real: a substituição do velho pelo novo.

O filme nos mostra algo ficcionado em tela que é real no cotidiano e que pode ocorre a todo momento: a troca do velho pelo novo. O filme mostra a visão do momento "antes" da chegada do novo, da transição entre os momentos "antigo" e "novo", e o momento "depois" da mudança entre antigo e novo. Tudo isso ficcionado na transição do cinema mudo para o cinema falado.

Filosoficamente antes da mudança só existe uma realidade conhecida, o antigo, e os mais antigos profissionais estão sempre em vantagem em relação ao jovem porque são funções tão bem delineadas e executadas por quem já está na ativa que o jovem não possui a menor chance em nada. O mais antigo tende a impedir o florecimento do joven até mesmo preterindo o jovem em prol da sua segurança e do seu nicho natural. Iso pode ser no mercado de trabalho, na medicina, no teatro, na música, na tecnologia etc., em tudo. Pobre do jovem, não possui espaço e está deslocado da realidade.

A transição é o momento em que tanto o jovem como o velho podem executar suas funções. A tendência de cada um é a defesa afastando-se um do outro mutuamente para que prevaleça um dos lados. Como o mais idoso também possui pouco "pique" para manter o ritmo então é natural que o novo tenha certa vantagem na maioria das vezes. Todo mundo prefere as novidades, mesmo que sem valor, mesmo que para conhecer o novo. Além da idade avançada do antigo pode ocorrer o crédito exagerado aos resultados que o novo oferece. No filme todo mundo literalmente paga para ver.

O momento depois da mudança é quando o mais antigo não tem mais vez. É como se o mais antigo não possuísse valor. A população, que é beneficiada pela mudança, tende a naturalmente se afastar no antigo e aposentá-lo sem dó nem piedade. Pobre do mais antigo agora está deslocado e aposentado mesmo sem querer. "Mulher nova sempre é novidade, não acham!"


Eu costumo refletir com os colegas qual o que vale mais: é melhor ter o novo executado de forma errada e incoerente ou o antigo correto? "O novo" pelo novo pode ser uma armadilha, por isso, não se deve desperezar quem já tem experiência de sobre. O novo é bom, como no caso do filme, mas na vida pode ser carente de resultados positivos.

A produção francesa "O Artista", de Michel Hazanavicius, recebeu com louvor a estatueta de melhor filme e tornou-se o vencedor da 84ª edição do prêmio americano Oscar. Recebeu dez indicações, porém ganhou cinco prêmios de melhores: filme, ator, direção, figurino e trilha sonora.
Vale a pena curtir o filme. É lindo

Um comentário:

  1. Interessante reflexão, pois já dizia Quintana "Nada jamais continua,tudo vai recomeçar" ...

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