A revista VEJA publicou reportagem em periódico publicado em março de 2012 com o título "TROMBOSE: UMA ABORDAGEM PREVENTIVA".
Parabenizo a revista VEJA pela reportagem sobre a trombose venosa que serviu para alertar a comunidade leiga sobre os benefícios do uso de anticoagulantes orais, entretanto é necessário frisar alguns pontos.
É fato que a conduta convencional baseada no uso de heparinas está consagrada na profilaxia da trombose, mas o tempo ideal de uso após as cirurgias de grande porte, mormente as ortopédicas, permanece controverso. Uma revisão sistemática publicada em 2012 no American College Physicians que analisou resultados de oito estudos realizados fora do Brasil e analisando o uso prolongado, mais de 21 dias, e uso padronizado, 7 a 10 dias, concluiu que o uso prolongado da profilaxia diminui de fato o risco de trombose, mas aumenta o risco de pequenos sangramentos em pacientes submetidos a cirurgia ortopédica. A redução do risco em relação ao paciente que não utiliza as heparinas chega a ser de 80%.
Um guia clínico para prevenção do tromboembolismo pulmonar em cirurgia defendido pela Sociedade Francesa de Anestesia e Terapia Intensiva criado em 2005 ainda permanece válido. Este guia recomenda o uso de anticoagulantes, mas diferente da reportagem da VEJA chama a atenção para pacientes com risco aumentado de sangramento que são os idosos, em uso de heparina de baixo peso molecular e disfunção renal. A recomendação no Brasil para gestantes é evitar o uso de fármacos que possam levar a prejuízo ao feto como os anticoagulantes orais o fazem e os obesos são sabidamente mais propensos a trombose e não a sangramento como deixa transparecer a reportagem.
O uso de anticoagulantes orais na profilaxia da trombose carece de estudos de boa qualidade metodológica que atestem o benefício do uso destes fármacos na profilaxia desta enfermidade sem que se tenha associado um aumento do risco de sangramento nos órgãos do corpo, como o cérebro.
Os médicos do Brasil estão atentos para os benefícios de condutas ousadas como esta defendida pela VEJA. Aguardamos os benefícios a longo prazo.
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