A História do Brasil possui em seu texto a figura do Coronel que nada mais era do que uma pessoa que exercia liderança local a nível eleitoral principalmente pelo poder econômico que representava na região. Este fato ocorreu entre os anos de 1889 a 1930.
O tempo dos coronéis passou oficialmente. Passou! Mas, na prática ja passou?
Pra mim a figura do coronel ainda existe na representação de quem manda ou de quem exerce influência impondo seus desejos sobre os demais. O "apadrinhamento" está em todo lugar. Infelizmente em alguns setores da economia não se valoriza a competência ou o número de certificados em cursos para o aprendizado de alguém. Em Alagoas aquele que estuda é considerado louco. Acho que de certa forma o é, pois, por que estudar tanto quando não há certeza da indicação?
O indicador tem responsabilidades na indicação, pois, está indicando alguém que ele acha que por qualquer motivo particular pode exercer o cargo.
O indicado tem mais responsabilidades do que o indicador porque é ele quem estará na função. Já imaginou ser vendido a um time de futebol e lá ficar no banco pela falta de qualidade?!
O que eu não sinto em ambas as partes é a sensação de percepção sobre esta responsabilidade. Quem indica não se preocupa com a formação ou capacidade de quem é indicado e quem é indicado não se preocupa, algumas vezes, em zelar pelo próprio nome ou pelo nome do indicador. Se todo mundo que fosse indicado fosse "bem indicado" ai o mundo seria diferente.
Eu estava no Shopping center fazendo um passeio socrático quando me deparei com uma colega que aqui a chamarei de Kefé. Em nossa conversa perguntei-lhe como ela havia parado na praça de alimentação, mas como funcionária. Sua resposta foi:
"-Um amigo me indicou."
Ela é muito divertida e lá para as tantas um telefonema para ela e como eu estava ao seu lado não pude deixar de ouvi-la falar:
"-Não menina, eu num já disse! Pode vir que a vaga é sua, eu garanto.!"
Quando ela desligou dei-lhe os para´bens e até disse que ela estava com a bola toda. O mais surpreendente foi a resposta de Kefé:
"-E o meu irmão está aqui no vizinho, minha prima está ali no Bob's, meu namorado está na MESBLA e essa minha colega vai trabalhar no Giraffa's."
Eu quase lhe pedi um emprego naquela hora. Fiquei pensando nas pessoas entregando curriculos nas lojas, nas horas gastas em entrevistas perdidas, no programa da CBN do Max Ghehringer dando dicas de como sonseguir o primeiro emprego, etc. E mais será que vale a pena estudar no país do coronelismo disfarçado?
Talvez seja melhor ser jogador de futebol. Ser indicado e não jogar é o mesmo que demissão.
A humanidade alagoana ou o inconsciente coletivo ainda deve amadurecer muito para que o progresso exija a competência das pessoas.
Governador, cadê as indústrias? Cadê as fábricas? Max, onde está a mais valia? Precisamos de mais empregos, hospitais, bancos, trânsito, porque aqui ainda se fala da vida do vizinho e pequenos fatos são extremamente divulgados. A mentalidade ainda é da indicação PARA TUDO.
Em suma, não parece, mas ainda estamos vivendo o tempo dos coronéis aqui em Alagoas, só que de forma disfarçada e com um novo nome, "o jeitinho". É o mesmo que dizer "-No Brasil não existe mais preconceito racial", mas todo mundo sabe que existe. Quem quiser emprego aqui em Alagoas só é falar com minha amiga Kefé.
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